"Bem aventurado Capitalismo! Não anuncia nada e jamais promete alguma coisa. Nada de manifestos nem de declarações programando a felicidade de pronta entrega. Ele o esmaga, o estripa, o escraviza, o martiriza _ enfim, o decepciona? Você tem o direito de se sentir infeliz mas não decepcionado, pois a decepção supõe um compromisso traído." (Gilles Perrault)
As duas condições essenciais que determinam o modo capitalista de produção são: (1) a existência de capital, conjunto de recursos que se aplica na compra de meios de produção e força de trabalho e (2) existência de trabalhadores livres, que vendam sua força de trabalho em troca de salário. Definem-se assim as duas classes sociais básicas: a dos capitalistas e a dos assalariados.
Outros elementos que caracterizam o capitalismo são a acumulação permanente de capital; a distribuição desigual da riqueza; o papel essencial desempenhado pelo dinheiro; a concorrência (embora modificada pela concentração monopolística); a inovação tecnológica ininterrupta e surgimento e expansão das grandes empresas multinacionais.
Em pouco tempo, entretanto, o liberalismo econômico mostrou suas imperfeições: os mercados consumidores não cresciam na mesma proporção que a capacidade produtiva das indústrias. Além da grande depressão da década de 1930, o capitalismo do século XX passou a manifestar crises que se repetem a intervalos. O período que as separa torna-se progressivamente mais curto. O desemprego, as crises nos balanços de pagamentos, a inflação, a instabilidade do sistema monetário internacional e o aguçamento da concorrência entre os grandes competidores caracterizam as chamadas crises cíclicas do capitalismo.
O sistema capitalista tampouco garante meios de subsistência a todos os membros da sociedade. Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores desempregados, que Marx chamou de exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria disponibilidade, as reivindicações operárias. O conceito de exército industria de reserva derruba, segundo os marxistas, os mitos liberais da liberdade de trabalho e do ideal do pleno emprego.
"O mundo dominado pelo capitalismo é um mundo livre; o capitalismo, atualmente chamado de liberalismo, é o mundo moderno. É o único modelo de sociedade. Senão o ideal, pelo menos o mais satisfatório. Não existe e jamais existirá outro."
É este o canto unânime que entoam não só os responsáveis econômicos e a maior parte dos responsáveis políticos, mas também os intelectuais e os jornalistas que têm acesso às principais mídias: audiovisuais, a imprensa, a grande edição, geralmente nas mãos de grupos industriais ou financeiros. Eis a liberdade de expressão com que se deliciam os que apoiam nosso sistema liberal.
A virtude do capitalismo reside na sua eficácia econômica. Mas em benefício de quem e a que preço? Nos países desenvolvidos, que são a vitrine do capitalismo (enquanto o resto do mundo será mais ou menos os fundos do armazém), examinemos os fatos.
Após o seu grande período de expansão no século XIX, devido à industrialização e a à feroz exploração dos trabalhadores, o movimento que se acelerou ao longo das últimas décadas levou à quase extinção o pequeno produtor rural, devorado pelas grandes explorações agrícolas, trazendo consigo a poluição, a destruição das paisagens e a degradação dos produtos (e tudo isto à custa do contribuinte, uma vez que a agricultura foi sempre subsidiada); o quase desaparecimento do pequeno comércio, particularmente de alimentação, em benefício da grande distribuição e dos hipermercados, a concentração das indústrias em grandes empresas nacionais e depois transnacionais que tomam tais proporções que chegam a ter tesourarias mais importantes que as dos Estados e fazem a lei, tomando medidas para reforçar o seu poder sem controle, como por exemplo através do Acordo Multinacional sobre o Investimento (AMI), acima dos Estados.
Os dirigentes capitalistas podiam temer que o desaparecimento do pequeno produtor rural, do artesanato e da pequena burguesia industrial e comercial reforçasse as fileiras do proletariado. Mas o "modernismo" veio trazer-lhes o êxito total com a automação e a informática. Após o despovoamento dos campos, assistimos agora ao das fábricas e dos escritórios. Como o capitalismo não sabe nem quer partilhar o lucro e o trabalho, chegamos inelutavelmente ao desemprego e à sua corte de desastres sociais.
Os defensores do liberalismo não se cansam de citar os exemplos da Inglaterra e do EUA _ os campeões do sucesso econômico e da luta contra o desemprego. Se a destruição das proteções sociais, a precariedade do emprego, os baixos salários e a não indenização dos desempregados, fazendo-os desaparecer das estatísticas, são o ideal, não creio que este seja o ideal dos trabalhadores deste país.
Nos EUA, paraíso do capitalismo, 30 milhões de habitantes (mais de 10% da população) vivem no limiar da pobreza, e, entre esses, os negros são maioria.
A supremacia dos Estados Unidos no mundo, a propagação imperialista e uniformizadora do seu modo de vida e da sua cultura só podem satisfazer os espíritos servis.
Para ajudar os investimentos produtivos, na indústria ou os serviços, o capitalismo pretende torná-los competitivos em face dos investimentos financeiros e especulativos a curto prazo. Como? Impondo taxas a estes últimos? De forma alguma: baixando os salários e os custos sociais!
Preso no círculo infernal da concorrência, o Terceiro Mundo deverá baixar ainda mais os custos e mergulhar um pouco mais os seus habitantes na miséria.
Até que o mundo inteiro esteja nas mãos de umas poucas multinacionais, majoritariamente americanas, e que praticamente não haja necessidade de trabalhadores, senão de uma elite de técnicos... o problema para o capitalismo será então o de encontrar consumidores fora desta elite e dos seus acionistas... e de suportar a delinquência nascida da miséria.
A acumulação de dinheiro _ que não passa de uma abstração _ impede a produção de bens úteis a todos.
Já falamos do capitalismo no "paraíso". E quanto ao seu "inferno", o Terceiro Mundo?
As devastações, no espaço de um século e meio, pelo colonialismo e o neocolonialismo, são imaculáveis, como impossível é calcular os milhões de mortos que lhe são imputáveis. Todos os grandes países europeus e os EUA são culpados. Escravaturas, repressões impiedosas, torturas, expropriações, roubos das terras e dos recursos naturais pelas grandes companhias, criação ou desmembramento artificial de países, imposição de ditaduras, monoculturas substituindo as culturas tradicionais, destruição dos modos de vida e das culturas ancestrais, desmatamento e desertificação, desastres ecológicos, fome, êxodo das populações rumo às megalópoles, onde as esperam o desemprego e a miséria.
As estruturas utilizadas pela comunidade internacional para regular o desenvolvimento das indústrias ou do comércio estão inteiramente nas mãos e ao serviço do capitalismo: o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organização de Cooperação e desenvolvimento, a Organização Mundial do Comércio. Estes organismo serviram apenas para endividar os países do Terceiro Mundo e para lhes impor o credo liberal.
Quais são os meios de expansão e de acumulação do capitalismo? A guerra, a repressão, a espoliação, a exploração, a usura, a corrupção, a propaganda.
A guerra contra os países rebeldes que não respeitam os interesses ocidentais. Os EUA não pararam de praticar uma política de acumulação de armas (que proíbe aos outros). Assistimos ao exército deste imperialismo em todas as intervenções diretas ou indiretas dos EUA na América Latina e particularmente a América Central, na Ásia, no Vietnã, no Timor, na Guerra do Golfo etc. A guerra também pode tomar a forma de embargos contra os estados indóceis (Cuba, Líbia, Iraque), que são mortíferos para as populações.
A espoliação é a causa evidente da utilização da força. As práticas do capitalismo são próximas da máfia; é com certeza por isso que esta se prolifera tão bem em seu terreno. Tal como a máfia, o capitalismo protege os dirigentes desavergonhados que permitem que seus países sejam explorados pelas grandes transnacionais. deste modo, ele consolida _ quando não é ele mesmo que as instá-la _ as ditaduras, mais eficazes na proteção das empresas do que a democracia.
A usura, outro procedimento mafioso. Assim como a máfia faz empréstimos a comerciantes que nunca conseguem se livrar de suas dívidas, os países são estimulados a investir em algo como armas, e estes são obrigados a pagar eternamente os juros acumulados da sua dívida; passa-se assim a ser dono da sua economia.
Repressão e exploração andam juntas: repressão anti-sindical sempre praticada nas empresas, sindicatos criados pelos patrões e repressão contra qualquer contestação operaria radical. Sabemos desde Marx que a exploração do trabalho é o motor do capitalismo.
A corrupção. As multinacionais dispõem de uma rede de influências tal sobre os responsáveis públicos ou privados que abafam qualquer resistência com os seus tentáculos de polvo.
A propaganda. Para impor o seu credo e e justificar seus delitos e crimes sangrentos, o capitalismo sempre invoca ideais generosos: defesa da democracia, da liberdade, luta contra ditaduras "comunistas", quando na verdade, ele apenas defende os interesses de uma classe poderosa. Essa propaganda é difundida por autoridades econômicas e políticas, por uma imprensa e por meios de comunicação.
O capitalismo é o pior assassino de massas da história, mas um assassino sem rosto nem código genético e que opera impunemente há vários séculos em cinco continentes... Que adversário real pode existir ainda? A multidão civil envolvida no processo! A multidão daqueles que foram deportados da África para a América, esmagados nas trincheiras de guerras imbecis, torturados até à morte, fuzilados no Muro dos Federados, massacrados às centenas de milhares na Indonésia, praticamente erradicados tal como os índios, assassinados em massa na China... De todos esses, as mão dos vivos receberam a chama da revolta do homem negado de sua dignidade. Mão inertes dessas crianças do Terceiro mundo que a má nutrição mata ás dezenas de milhares; mãos descarnadas dos povos condenados a reembolsar os juros de uma dívida que seus dirigentes roubaram, mãos trêmulas dos excluídos cada vez mais numerosos... Mãos de uma trágica fragilidade e no momento desunidas. Mas elas não podem deixar de voltar a se unir um dia. E, nesse dia, a chama que elas transportam incendiará o mundo.
(Pesquisa realizada com "O livro negro do capitalismo" e a enciclopédia Barsa)
E minha cara amiga, como seria bom se todos fossem capaz de pensar com você, principalmente os que estão no poder e que deveriam olhar para nos trabalhadores.
ResponderExcluirNo Brasil hoje o trabalhador come o pão que o diabo amassou, ( e se bestar ainda lambe a panela). Vivemos sobre um dos regimes capitalistas mais covardes do mundo, onde podemos ver a face cruel desse sistema tão desigual, que é simplesmente ignorado por nossas autoridades.
Uma das coisas que mais me chateia e ligar a tv e ver um repórter noticiar que o nosso querido presidente (que era um operário) esta reunido com os 10 maiores empresários do país, e que não podem chegar mais perto porque a vigilância foi reforçada pois nessa cúpula estão no mínimo os responsáveis por 60% do PIB nacional.
Numa recente viagem a Europa nosso caro presidente foi indagado por um repórter sobre as condições desumanas dos trabalhados dos cortadores de cana de açúcar, ele reagiu perguntando se o corte de cana era menos “penoso” que trabalhar numa mina de carvão. O combustível que alimentou na revolução industrial o impulso primitivo do capitalismo sem duvida foi produzido na mais brutal exploração do trabalho humano e de agressão a natureza. A julgar pelas noticias de mortes por exaustão nas lavouras de cana de açúcar o nosso tão elogiado etanol se torna um forte candidato do século XXI a seguir a mesma trajetória dos horrores do século passado.
Certamente num estádio lotado nosso caro presidente seria vaiado, porem numa sala com os dez maiores nomes do PIB nacional, ou com banqueiros burgueses o aplauso seria garantido.
Isso me leva a conclusão que o feitor mais eficaz, aquele que com mais desenvoltura aciona o chicote é o ex escravo. Mudou de lado e por isso mesmo esta sempre obrigado a renovar as provas de sintonia fina com o seu senhor. O raciocínio infelizmente se aplica ao caso em pauta. O presidente mascate e um feitor de um capitalismo cruel.
Como seria bom se vivêssemos em um sistema onde o pai de família não gastasse vender a saúde em trabalhos insalubres para dar sustento a sua família, onde ao reunir uma cúpula estivesse ali representados milhões de brasileiros e não meia dúzia de banqueiros e burgueses medíocres que só olham para o próprio umbigo.
É essa a liberdade pregada pelo capitalismo???
E esse o sistema que o senhor Carlos Lupi,(ministro do trabalho) tem o prazer de ressaltar em reuniões internacionais??
E a vida dos brasileiros mortos em lavouras?E a vida dos colhedores de tomate que se tornam cancerosos pela ação dos agrotóxicos inalados? A é já ia me esquecendo, o capitalismo paga, afinal eles são justos....
O saudades do tempo, em que se fazia seres humanos, e não capitalistas!!!!!!
Precisamos de pessoas como você, que não traia suas idéias e que lute sempre pela justiça....
TE ADMIRO MUITO!!!!!
Bjo. Richard
..Sensato, Concreto e realista..nada mas nada menos..
ResponderExcluirparabéns,seu espaço aqui á ótimo ,suas idéias vem de encontro as minhas,já estou te seguindo,tenho certeza que sua página vai contribuir muito,também tenho um blog,estou te seguindo pela conta dele,se puder de uma olhadinha.um abraço,e mais uma vez parabéns!
ResponderExcluirmeu blog é http://wwwernanepensamentocritico.blogspot.com/
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